terça-feira, 15 de junho de 2010

Homemaker sim, graças a Deus!


Acabei de ler um texto muito interessante sobre a função da mulher, ou as "multi-funções" da mesma. Dos vários que eu já li, julgo esse ser um dos mais edificante e próximo daquilo que eu acredito e defendo. Quem escreveu foi Betty Portela (o blog dela está nas minhas indicações) e gostaria de compartilha-lo com vocês.
Abraços!
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Mamãe e Papai estavam assistindo a TV quando Mamãe falou, “Estou cansada e está ficando tarde. Acho que vou p’ra cama”.

Ela foi para a cozinha e fez sanduíches para os lanches do próximo dia. Lavou alguns copos, escolheu o feijão e o arroz, encheu o açucareiro, pôs a mesa para o café da manhã, tirou a carne do congelador para o jantar, e colocou o café ao lado da cafeteira. Estendeu algumas roupas molhadas, ligou a máquina de lavar, passou ferro numa camisa e ainda pregou um botão.

Guardou as peças do jogo abandonado na mesa, apanhou duas revistinhas, devolveu o telefone sem fio à base e colocou a agenda telefônica na gaveta. Aguou algumas plantas, esvaziou o cesto de lixo e pendurou uma toalha.

Bocejou e espreguiçou-se, e continuou em direção ao quarto. Parou ao lado da escrivaninha e escreveu um bilhete para a professora, separou algumas notas para as despesas do passeio escolar e puxou um caderno “escondido” de debaixo do sofá. Endereçou o envelope de um cartão de aniversário e começou uma lista de supermercado. Colocou ambos ao lado da bolsa.

Mamãe então lavou seu rosto, passou loção hidratante noturna e creme anti-rugas, escovou os dentes e lixou as unhas.

Papai chamou: “Pensei que você ‘tava indo p’ra cama”. “’Tou indo”, ela respondeu. Mas aí ela foi colocar água na tigela do cachorro e colocar o gato para fora. Depois verificou se as portas estavam trancadas e se a luz da varanda estava acesa. Deu uma olhada em cada filho, desligou luzes e som, pendurou uma camisa, apanhou algumas meias sujas e teve uma breve conversa com o filho que ainda estava acordado fazendo o dever de casa.

Já no seu próprio quarto, ajustou o despertador, escolheu as roupas para vestir no dia seguinte e colocou o celular para carregar. Lembrou-se de mais três coisas para adicionar à lista das coisas mais importantes para fazer. Parou para orar e procurou visualizar as suas metas para o dia seguinte sendo realizadas.

Mais ou menos nesta hora, Papai desligou a TV e avisou a ninguém em particular. “Vou p’ra cama”. E foi… sem pensar em mais nada.

Há algo extraordinário aqui? Você já parou para pensar porque as mulheres vivem mais…? É PORQUE ELAS FORAM FEITAS PARA DURAR… (não podem morrer antes, porque têm mais coisas para fazer!!!!)

Mande isto para algumas mulheres fenomenais hoje… Elas irão lhe amar. Acabo de fazer isto. E AÍ, VÁ P’RA CAMA!!!

(Término, na Versão para os Homens)
Mande isto para alguns maridos fenomenais hoje… eles amarão suas esposas ainda mais! Acabo de fazer isto.

VOCÊ AÍ, NO SOFÁ: AJUDE SUA MULHER ANTES DE IR P’RA CAMA!

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Enquanto passei pelo processo do qual tanto gosto—traduzindo (escolhendo palavras que conseguem passar o mesmo sentido que aquelas do texto original), continuei pensando sobre a mensagem embutida na narrativa original. Será que tudo que vem ao nosso pensamento enquanto lemos é positivo—será que contribui?

Creio que primeiro vem certa satisfação com a expressão daquilo que sempre sentimos, mas que nunca soubemos articular tão bem. Apreciamos o reconhecimento da nossa disposição e capacidade “multifuncional” como esposa, mãe e “dona de casa”. Num enlevo espiritual, podemos até enxergar que a nossa propensão para planejar e lidar com muitos detalhes é algo muito especial que Deus nos concedeu.

Entretanto, num segundo momento, surge uma insatisfação com os maridos/homens da nossa vida. Foi minha preocupação com esta última reação que ocasionou a introdução enviada para as mulheres da minha família.

Ao ler a sugestão final do meu marido, perguntei-me: Até que ponto é que precisamos / queremos que nossos maridos participem nos cuidados diários do lar? Se prestarmos atenção à mídia, ficamos com a nítida impressão que os nossos homens não nos amam do jeito que deveriam se eles não dividem as tarefas domésticas conosco meio-a-meio. “Nesta semana você vai fazer isto, isto, isto…. Semana que vem será aquilo, e mais aquilo…”

O mundo ideal realmente seria um em que os homens se ocupassem com mais ou menos metade de todos estes detalhes? Até que ponto estamos absorvendo erroneamente o que estão nos ensinando? Até que ponto os nossos maridos realmente são insensíveis e precisam de ter uns bons conselheiros quando a nossa situação não é bem esta? Será que tudo que as mulheres aprenderam e fizeram no passado deve ser considerado obsoleto? As diferenças entre homens e mulheres são realmente restritas, quase inteiramente, a apenas a aparência e ao grau de força física? Devemos concluir que o reconhecimento e aproveitamento da propensão masculina ou feminina para melhor desempenhar certos empreendimentos é apenas invenção de homens machistas do passado? Será que Deus verdadeiramente pretendeu que não tivéssemos funções distintas, e que nossos papéis devessem ser intercambiáveis?

Existem papeis para serem cumpridos? Ou não? E mais, como chegar a uma divisão harmônica de tarefas se muitas das coisas que nós, mulheres, vemos como necessárias, são percebidas por nossos maridos como “supérfluas”—mais ligadas com a nossa percepção de estética e organização do que com a utilidade e praticidade? Existe uma nova receita para alcançar a felicidade que dizem ter sido sempre negada às gerações que nos antecederam?

A mulher da narrativa, de fato, não parece infeliz. Dá a impressão de ter assumido aquilo como “normal”, apesar de ser cansativo. Somos nós que ficamos nos perguntando se ela deveria continuar em situação semelhante, ou se estaria na hora de declarar um “basta!”, entrar em greve, colocar os “pingos nos ‘i’s”, considerar até livrar-se daquele “preguiçoso”….

Fui chamada recentemente para opinar a respeito de uma troca de idéias entre duas jovens cristãs sobre como deve ser visto e trabalhado o relacionamento conjugal de maneira cristã (pela Internet). Uma já é casada e a outra está pensando no assunto. Creio que está sendo muito mais difícil para elas do que foi (e é) para mim, porque meu amor por meu marido automaticamente incluiu assumir o papel de administradora do nosso lar. Eu me sinto bem e realizada neste papel e não gostaria de abrir mão dele. De fato, evito, às vezes, o envolvimento do meu esposo em várias áreas porque só me atraso tendo que explicar e argumentar respeitosamente por que o meu jeito é melhor do que aquele que sua mente analítica (mas definitivamente mal-informada!) imediatamente tenta implementar…. ☺

Minha satisfação como esposa tem sido facilitada porque sempre tenho sido a “ajudadora” de uma pessoa comprometida com o reino de Deus—que raramente fica no sofá ou no computador brincando ou assistindo jogos ou filmes enquanto eu estou suando por aí. (Normalmente, eu tenho que ficar atrás dele para descansar mais, relaxar um pouco… E possibilitar isto… Não nego que existem vezes que eu fico chateada, pensando que ele poderia estar um pouco mais atento ao meu cansaço também, mas, frequentemente, percebo posteriormente que é ele que já está “rodando com o tanque na reserva”.)

Também, desde que chegaram nossos filhos, tenho exercido minha profissão (tradutora / escritora) em casa, o que me dá certa flexibilidade para administrar o lar e servir em alguns ministérios relacionados com minha fé. Entretanto, conheço mulheres que se vêem trabalhando fora o dia inteiro e que convivem bem com maridos que chegam em casa e que querem tudo na mão—alguns descrentes e outros não. Algumas de nós ficam pasmas ao perceber que elas conseguem viver contentes em circunstâncias que não consideramos ideais e, talvez, nem sofríveis. Como será que conseguem? Será virtude? Sabedoria?

Percebo, portanto, que a única solução para acabar com o nosso estresse não se encontra apenas numa melhor divisão de tarefas entre o casal ou na contratação de mais ajuda… Não estou dizendo que estas opções são inválidas… Entretanto, muitas vezes elas não cabem na nossa realidade. E podem terminar gerando brigas (ou dificuldades financeiras) e, eventualmente, separações…

As moças que citei lá em cima ficaram de re-escrever o seu diálogo virtual (tirando ou adaptando detalhes dos e-mails que não devem ser de foro público), para eu possivelmente postar com mais alguns comentários. Por enquanto, só quero concluir afirmando que nós, mulheres, podemos encontrar contentamento e nos sentirmos realizadas quando nutrimos um relacionamento diário com o nosso pai divino (através de meditação, oração e vida consciente da sua presença) para podermos enxergar e apreciar a sua soberania sobre todos os detalhes da nossa vida. Ele nos dará entendimento e forças para praticar o amor abnegado como ele é delineado em 1 Coríntios 13, no espírito de submissão de Colossenses 3.18, enraizado no contexto do capítulo inteiro.

Ainda se Ele fizer o mesmo no coração dos nossos maridos, dando a eles disposição e/ou condições de aliviar ou suavizar parte de nossa carga, de uma coisa tenho absoluta certeza—isto não resultará, necessariamente, numa “divisão meio-a-meio” das tarefas do lar. Notem que estou tentando escolher minhas palavras com cuidado. Não falei que não deve existir “divisão nenhuma” dos afazeres num lar cristão construído em bases bíblicas. Especialmente num lar onde a mulher também estiver ausente durante o dia (ou parte dela). Apenas disse “divisão meio-a-meio”.

Também não estou dizendo que os nossos antepassados fizeram tudo certinho. Creio que a presente situação (poucos casais são mais felizes do que antigamente enquanto as famílias estão perdendo as mães como o elemento agregador) é resultado direto de uma ênfase desproporcional na submissão da mulher, feita no passado, por homens que se esquivavam de atentar à multiplicidade de instruções divinas sobre a qualidade do amor e trato devido às esposas que haviam entregado as suas vidas aos seus cuidados.

O que questiono é se as novas diretrizes que estão sendo promovidas para o relacionamento matrimonial, onde as mulheres medem, controlam e fiscalizam o desempenho do seu companheiro no cuidado de casa e filhos, nos levaram para um patamar melhor.

Releia a história e tente imaginar quantos itens concretos poderiam ser assumidos pelo homem da casa (ou por nossos filhos—quem parou para pensar neles como opção de ajudantes merece uma salva de palmas!) Só quero que você perceba que o cumprimento de grande parte das coisas que esta mãe fez surgiu exatamente daquilo que nos faz “feminina”—o nosso jeito especial de ser—de querer cuidar e ajudar, de prevenir e facilitar, de dissipar feiúra e adicionar beleza, de distribuir amor e criar sabor, de arrumar e enfeitar, de estimular alegria e afugentar tristeza, de confortar, aliviar e promover harmonia … Será que não foi para isto mesmo que fomos equipadas por Deus?

Será que preciso aceitar que deveria realmente abrir mão da noção de que pode ser um prazer e privilégio ter uma área da vida que é minha, onde sou mãe, esposa e “dona de casa”, até exaustão, se eu quiser? (Gosto do termo em inglês—homemaker—criadora do lar.) Será que estou enganada em crer que minha criança adormece melhor nos meus braços porque meu corpo (menos angular) foi desenhado para ninar, minha voz (mais suave) foi feita para sossegar, e minha presença (constante) lhe permite sentir-se segura. Creio que não, não estou enganada; não estou errada, nem fui ludibriada…

Será que tenho “instinto maternal”? Posso prever alguns perigos ou perceber certas oportunidades com minha “intuição feminina”? Parece-me que tenho e posso. Deus me concedeu habilidades e atributos, qualidades e características que meu marido não tem e provavelmente nunca terá… E deu a ele outras qualidades que abençoam o nosso lar e o reino dEle…

Compreendo que terei mais chance de ser feliz (e minha família também) quando eu entender e aceitar isto… Opto, diariamente, por não me considerar “vítima” ou “explorada” enquanto artigos, programas e amigos tentam (e, às vezes, conseguem) me seduzir ao descontentamento, focando mais nos meus direitos do que nos meus deveres e, pior, questionando tudo que aprendi e vivi até agora… Não acho errado repensar e re-avaliar, se fizermos isto à luz da revelação divina. Fazendo isto, entendo que eu, Betty, como filha do Criador de homens e de mulheres, existo para ser companheira do meu marido de modo que o resultado possa se parecer um pouco com o que está descrito em Provérbios 31.11 e 12, 23, 28 e 29.

Acho que falarei mais sobre isto, talvez, num futuro não muito distante…. Agora estou cansada e quero ir para cama. A caminho, vou tirar carne do congelador, checar se tem refrigerantes, leite e sucos na geladeira e conferir a preparação da mesa para o café da manhã… E também organizar tudo mais para poder sair amanhã cedinho com amigas hóspedes de Manaus que querem comprar roupas no Bom Retiro e conhecer as múltiplas ofertas da Rua 25 de Março.

Vou ainda escolher roupa e sapatos, esvaziar a bolsa prevenindo contra possíveis ladrões, vasculhar a Internet e imprimir um mapa para localizar a loja que vende o produto que elas procuram, separar remédios… Tenho que aguar as plantas (no meio da noite pois elas ficam no lado de fora da janela e não quero molhar as pessoas que passam em baixo), escrever instruções para fazer o almoço e adiantar o jantar, desforrar a cama, fechar as janelas, ligar o ventilador… Finalmente, vou coçar as costas do meu marido (ainda no computador preparando-se para a reunião que irá presidir amanhã) e ajustar o despertador…

Irei me deitar, na presença de Deus, dando graças a Ele porque me deu um lar para administrar, e forças para servi-lO durante mais um dia, enquanto já me antecipo no planejamento do próximo… Pedirei perdão pelos momentos em que critiquei e resmunguei, reclamando e duvidando da sua sabedoria e graça… E orarei para que meu sono possa ser restaurador, diminuindo (ou eliminando) a dor nos meus pés… Betty

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