sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Cozinha do Coração



Um bolinho no final da tarde...hum...que gostosura. Muito mais do que simples alimento, é uma demonstração de cuidado e carinho. Cheiro de bolo assando é um verdadeiro perfume no lar. Ele entra pela casa toda e vai chamando cada um para um momento de abraço coletivo, saboreando algo feito com amor. E na hora do almoço, quando a fome começa a apertar? Aquele cheirinho de alho e cebola dourando....ai, que delícia! E todo dia é dia de cozinhar. Coisa chata? Sim, às vezes. Cansativa? Sim, várias vezes. Porém, quando me lembro que cozinhar para a família é uma forma de demonstrar amor...compensa cada cebola descascada. Pensando assim, me veio algo na mente. O tamanho das cozinhas! Anos atrás, a cozinha era o principal lugar da casa. E, diga-se de passagem, o lugar mais gostoso de se estar. Lá, a mãe gastava a maior parte do seu tempo, cozinhando, amando... E os outros membros da família queriam estar perto. Enquanto se cozinha, também dá para conversar, para aconselhar, dar bronca e jogar papo fora. Mas nessas cozinhas apertadinhas??? Só cabe um! O principal cômodo da casa foi transferido para a sala e, ao invés de longas conversas a beira do fogão, temos longos silêncios, na frente da televisão. Comida para família??? Pede pizza! Ah! Tem também os congelados para microondas. Nossas mãos já não tem o aroma do tempero, pois hoje o bonito é cheirar a esmalte ou perfume caro apenas. Não, eu não gosto de cheiro de alho na mão, mas não me incomodo quando, depois de cozinhar, ainda sinto o cheiro gostoso da mistura dos sabores. Só lavar...sai fácil. A cozinha dos meus sonhos é a cozinha do coração. Grande, com mesa para todos se sentarem. É uma cozinha na qual os membros da minha casa podem chegar e se acomodar para juntos, enquanto cozinho, trocarmos muitas idéias. Ela é do coração porque é de lá que bombeio a vida para todas as outras partes da casa. É lá onde acolho os sentimentos que vem dos outros membros desse corpo complexo, que é minha família, e os absorvo, como absorvo os cheiros que emergem das panelas. Minha cozinha é pequena, que pena. Mas com jeitinho cabe todo mundo! Quantas vezes fiquei deitada no chão dela, contando histórias para minha filha enquanto o feijão cozinhava! Como foi gostoso vê-la desenhar a letrinha do seu nome, pela primeira vez, no chão da minha cozinha! Sem falar que, por ser pequena, toda hora a gente se esbarra no amor da nossa vida e logo o aperto vira pretexto para um beijo, um abraço, um afago. É, eu ainda quero uma cozinha grande, mas como ainda não dá, vou transformando minha pequena cozinha num lugar cheio de amor e paixão. Seja qual for o tamanho, qualquer cozinha pode ser um lugar do coração!

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